GUILHERME GENESTRETI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Solidão virou epidemia. Há mais casas habitadas por uma única pessoa e estamos confiando menos uns nos outros, dizem as pesquisas.
Ainda assim, está cada vez mais difícil ficar sozinho. Basta um clique, e centenas de amigos invadem nossos computadores nas redes sociais.
Ainda assim, está cada vez mais difícil ficar sozinho. Basta um clique, e centenas de amigos invadem nossos computadores nas redes sociais.
Estar imerso na internet ou ser rodeado de parentes não muda o quadro "epidêmico", diz o psicólogo americano John T. Cacioppo, que é diretor do Centro de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade de Chicago (EUA).
Ele é autor de "Solidão ""A Natureza Humana e a Necessidade de Vínculo Social" (Ed. Record), livro que reúne quase 20 anos de suas pesquisas sobre o tema.
O mote é o seguinte: a espécie humana evoluiu graças às relações entre os indivíduos e ao apoio mútuo ao longo do tempo. A solidão vai na direção contrária à da evolução.
"Ela é como a dor ou a fome. É sinal de que algo não vai bem e que precisamos reforçar os vínculos sociais", afirmou Cacioppo à Folha, por telefone.
Os estudos que o autor conduziu, com estudantes da Universidade do Estado de Ohio (EUA) e um grupo de adultos mais velhos, apontaram que os solitários têm uma qualidade de sono pior do que os demais e estão mais propensos a doenças cardiovasculares e infecciosas.
A explicação também tem um quê darwinista: "A solidão crônica coloca a pessoa em estado de alerta constante, porque ela tem que se defender sozinha", diz.
Como resultado, o solitário passa mais tempo com altas concentrações de cortisol, hormônio ligado ao estresse.
O psicoterapeuta Roberto Golgkorn, que também escreveu um livro sobre o tema, "Solidão Nunca Mais" (Ed. Bertrand Brasil), concorda com o colega. Para ele, uma sociedade sem troca de afetos não consegue evoluir.
"Deve haver um fio que costure a identidade de todos, como em um formigueiro, que mais parece um organismo, enquanto as formigas são as células", diz.
Ele é autor de "Solidão ""A Natureza Humana e a Necessidade de Vínculo Social" (Ed. Record), livro que reúne quase 20 anos de suas pesquisas sobre o tema.
O mote é o seguinte: a espécie humana evoluiu graças às relações entre os indivíduos e ao apoio mútuo ao longo do tempo. A solidão vai na direção contrária à da evolução.
"Ela é como a dor ou a fome. É sinal de que algo não vai bem e que precisamos reforçar os vínculos sociais", afirmou Cacioppo à Folha, por telefone.
Os estudos que o autor conduziu, com estudantes da Universidade do Estado de Ohio (EUA) e um grupo de adultos mais velhos, apontaram que os solitários têm uma qualidade de sono pior do que os demais e estão mais propensos a doenças cardiovasculares e infecciosas.
A explicação também tem um quê darwinista: "A solidão crônica coloca a pessoa em estado de alerta constante, porque ela tem que se defender sozinha", diz.
Como resultado, o solitário passa mais tempo com altas concentrações de cortisol, hormônio ligado ao estresse.
O psicoterapeuta Roberto Golgkorn, que também escreveu um livro sobre o tema, "Solidão Nunca Mais" (Ed. Bertrand Brasil), concorda com o colega. Para ele, uma sociedade sem troca de afetos não consegue evoluir.
"Deve haver um fio que costure a identidade de todos, como em um formigueiro, que mais parece um organismo, enquanto as formigas são as células", diz.
Compensar solidão física com centenas de amigos no Facebook não resolve, segundo o psicólogo Cacioppo.
"É como tentar matar a fome com aperitivo", compara. "A interação ali é eletrônica, a pessoa não é parte da vivência do amigo."
Para Sherry Turkle, psicóloga e professora do Massachusetts Institute of Technology (EUA), muitos optam pelos relacionamentos na rede por medo de contato íntimo.
"Estar conectado dá a ilusão de termos companhia sem as demandas de uma amizade", disse ela à Folha.
Segundo Turkle, autora do livro "Alone Together", lançado no início do ano, nos EUA, a tecnologia mudou a nossa experiência de solidão.
"Para fazer uma reflexão, precisamos 'postar' nosso pensamento. Assim, não cultivamos a capacidade de ficar sozinhos, de refletir por nós mesmos." Jelson Oliveira, professor de filosofia da PUC do Paraná, concorda.
"Não sabemos mais ficar sozinhos e buscamos nos ocupar a toda hora, como se ficar sozinho fosse perda de tempo. Ocupamos o silêncio com o barulho".
"É como tentar matar a fome com aperitivo", compara. "A interação ali é eletrônica, a pessoa não é parte da vivência do amigo."
Para Sherry Turkle, psicóloga e professora do Massachusetts Institute of Technology (EUA), muitos optam pelos relacionamentos na rede por medo de contato íntimo.
"Estar conectado dá a ilusão de termos companhia sem as demandas de uma amizade", disse ela à Folha.
Segundo Turkle, autora do livro "Alone Together", lançado no início do ano, nos EUA, a tecnologia mudou a nossa experiência de solidão.
"Para fazer uma reflexão, precisamos 'postar' nosso pensamento. Assim, não cultivamos a capacidade de ficar sozinhos, de refletir por nós mesmos." Jelson Oliveira, professor de filosofia da PUC do Paraná, concorda.
"Não sabemos mais ficar sozinhos e buscamos nos ocupar a toda hora, como se ficar sozinho fosse perda de tempo. Ocupamos o silêncio com o barulho".
Retirado do BOL.COM
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